segunda-feira, 2 de março de 2015

Betty Faria diz que retorno ao passado, em ‘Boogie Oogie’, serviu de reflexão sobre o presente :

Betty Faria torce para que Madalena, de “Boogie Oogie”, termine em excursões de viagem pelo mundo Foto: Alex Carvalho / TV Globo/Divulgação
  fonte O Globo
Na época em que “maneiro” era “bacana”, o mundo ostentava mais brilho. Quem garante a tese é Betty Faria:
— As pessoas eram mais limpas, livres, íntegras e verdadeiras.
Prestes a se despedir da personagem Madalena, de “Boogie Oogie”, a atriz não sabe se o retorno ao passado foi mesmo tão positivo. Para a musa da televisão brasileira na década de 70, a novela serviu para constatar (e reafirmar) o excesso de problemas do tempo presente.

O mundo está careta, hipócrita, fingido e violento. As pessoas são simpáticas e fofinhas, mas nada é verdadeiro
Betty Faria
— O mundo está careta, hipócrita, fingido e violento. As pessoas são simpáticas e fofinhas, mas nada é verdadeiro. É só colocar uma coisa na internet para ser xingada. Ninguém pode ter opinião, e todos têm que tomar cuidado com as palavras, já que isso ou aquilo ofende. É uma época dura e chata! — dispara ela, sem papas na língua aos 73 anos: — O que me salva é o trabalho, a alegria de estar trabalhando.

“As coisas aconteceram mais facilmente para os atores mais novos”, decreta a musa da TV na década de 70
“As coisas aconteceram mais facilmente para os atores mais novos”, decreta a musa da TV na década de 70 Foto: Nina Lima / Agência O Globo
Sobre o futuro da matriarca da trama das seis, que termina nesta sexta-feira, Betty deseja liberdade, ampla e irrestrita, em excursões pelo mundo. Contra a torcida do público — que comemora a reedição da parceria travada com Francisco Cuoco, em “Pecado capital” (1975) —, a atriz acredita que uma “vidinha simples” não combina com Madalena.
— Depois de passar por tanta chatice na família, ela deveria fazer viagens, se divertir. Essa coisa romântica que o público gosta não tem muito a ver com a personalidade dela — palpita a carioca, que não nega semelhanças com a “vovó desbunde” da ficção: — Agora sou menos deslumbrada! Acho que já gostei mais dessa farra. Adoro viajar para festivais de cinema, porque aí encontro gente do meu meio, assisto a filmes e tenho conversas interessantes.
Quando o assunto são os próximos trabalhos, Betty sussurra: “Boca fechada!” Falar do contato com jovens, no entanto, é motivo para outro comentário: “Boa pergunta!”. A mudança dos tempos sempre rende um bom papo:
— As coisas aconteceram mais facilmente para os atores mais novos. Alguns precisam de uns puxões de orelha e mais disciplina. Outros, não: são ótimos!

 por Gustavo Cunha

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