Tim Maia canta na estreia de Carlos Imperial na Tv Tupi em 1978.
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Vilão no filme Tim Maia (2014), Roberto Carlos virou herói na
minissérie exibida pela Globo a partir do próprio longa-metragem, que
foi reeditado e transformado numa mistura de ficção com documentário. No
filme, Roberto Carlos, no auge da juventude e já famoso, esnoba Tim
Maia, então em início de carreira. Na minissérie, Roberto Carlos é
apresentado como o artista que lançou Tim Maia.
Uma sequência do filme em que Roberto despreza e humilha Tim Maia
(1942-1998), entregando-lhe botas usadas e dinheiro amassado, foi
trocada por depoimentos de Nelson Motta, autor da biografia que originou
o longa, e do próprio cantor. Na versão exibida pela Globo , Nelson Motta contradiz seu próprio livro e afirma que
Roberto fez o que pôde para ajudar Tim. Já Roberto conta que indicou o
futuro soulman brasileiro a uma gravadora.
Tim Maia e Roberto Carlos conviveram desde os anos 1950 e tiveram uma
banda, Os Sputiniks, que se desfez quando Roberto decidiu seguir
carreira solo. Após a dissolvição da banda, Tim Maia se mudou para os
Estados Unidos e foi preso. Deportado para o Brasil, procurou Roberto
Carlos, que tinha um programa na Record, e pediu ajuda.
No filme, Roberto Carlos é retratado como mesquinho e
aproveitador. Tim Maia (Robson Nunes) invade o camarim
de Roberto (George Sauma), em meados dos anos 1960, mas o cantor não lhe
dá ouvidos e entrega uma “bota que sobrou” ao ver os sapatos velhos do
colega. Em seguida, Roberto é chamado para ir ao estúdio e pede para Tim
esperá-lo.
Tim Maia aguarda o astro pacientemente. Tempos depois, Roberto Carlos
passa pelo corredor e o ignora. Após o final do programa, ele corre
para sair, mas Tim o alcança, pede ajuda e diz não ter dinheiro para
voltar para casa. Roberto mais uma vez o esnoba e manda alguém dar
dinheiro ao ex-colega. O produtor do programa amassa as notas antes de
entregar a Tim.
No primeiro capítulo da minissérie da Globo, toda a sequência
descrita acima foi cortada, e a história foi contada de outra forma. No
lugar, entraram depoimentos do jornalista Nelson Motta e de Roberto
Carlos, que disse ter dado oportunidade a Tim Maia, sem mencionar o
caso do camarim, em que Tim se sentiu humilhado pelo antigo companheiro.
“O Roberto, acho que era tranquilo com ele, porque sabia o valor que o
Tim tinha como cantor e compositor, tanto que levou o Tim para a Jovem
Guarda. O Roberto fez o que pôde”, afirmou Nelson Motta na Globo. “‘Tim,
vou te apresentar à CBS. Vou arrumar para você gravar lá. Fique
tranquilo’. E a Nice [Cleonice Rossi, primeira mulher de Roberto Carlos]
virou e disse assim: ‘Ajuda ele’. E ele sempre achou na vida dele que
eu tinha feito isso porque a Nice tinha feito esse pedido e não foi, foi
uma iniciativa realmente minha”, disse Roberto Carlos na minissérie.
O que chama a atenção é que Nelson Motta, ao tentar preservar a
imagem de Roberto Carlos na minissérie, desmente seu próprio livro, Vale
Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia (2007), que originou o filme. Na
apresentação do longa à imprensa, em outubro, o diretor Mauro
Lima afirmou que “tudo foi baseado na biografia de Nelson Motta”,
incluindo as cenas em que Roberto esnoba Tim Maia.
Para reforçar ainda mais o bom-mocismo de Roberto Carlos, a Globo
escalou Babu Santana, que interpretou Tim Maia no filme. Além de narrar a
história, ele se caracterizou novamente para a minissérie e apareceu
dando o crédito a Roberto: “E foi assim, rapaziada, que o Roberto Carlos
lançou o gordo mais querido do Brasil”.
Procurada, a Globo disse que a minissérie não é uma reexibição do
filme: “Qualquer obra audiovisual segue critérios artísticos. O episódio
de ontem [quinta-feira] mostrou Tim tentando sem sucesso falar com
Roberto Carlos ao voltar dos Estados Unidos, em situações diferentes. O
contexto foi mais detalhado nas entrevistas de Erasmo Carlos, Nelson
Motta, Fábio e do próprio Roberto”.
O primeiro episódio da minissérie Tim Maia – Vale o que Vier, na
quinta, registrou 24 pontos em São Paulo e 28 no Rio de Janeiro, segundo
dados consolidados do Ibope.
Cineasta rejeita versão global
Em mensagem publicada no Instagram, o cineasta Mauro Lima, diretor do
filme “Tim Maia”, pediu a seus seguidores que não assistissem “Tim Maia
– Vale o que vier”, série exibida pela Globo entre quinta (1º) e
sexta-feira (02). “Aos seguidores que não viram ‘Tim Maia’ no cinema
sugiro que não assistam essa versão que vai ao ar hoje e amanhã na
Globo. Trata-se de um subproduto que não escrevi daquele modo, nem
dirigi ou editei”, escreveu o cineasta.
Como a emissora informou, o programa foi “uma recriação do filme” de
Lima. A Globo eliminou cenas, acrescentou outras, incluiu depoimentos de
contemporâneos do cantor e ainda gravou imagens nas quais o ator que
interpreta Tim Maia narra trechos da própria história. Fãs de Tim Maia
que viram tanto o filme quanto a série reclamaram muito da forma como
foi abordada, na TV, a conturbada amizade do cantor com Roberto Carlos,
seu contemporâneo da Tijuca.
Baseado no livro de Nelson Motta, “Vale Tudo – O som e a fúria de Tim
Maia”, o filme abraça a versão de que Roberto Carlos deu de ombros e
até humilhou o amigo quando ele o procurou no início da carreira. Na TV,
uma sequência forte que mostra esta situação foi eliminada e, em seu
lugar, entrou um depoimento do cantor dizendo que ajudou, sim, Tim Maia.
Mauro Lima não comentou as alterações feitas pela TV. Irônico, apenas
disse que a série é uma versão que não tem relação nenhuma com o seu
trabalho. “Seria um ‘director´s non cut’.” E recomendou: “Sugiro esperar
sair no Now ou em DVD na sua forma original”. (Por Mauricio Stycer)
- Babu Santana(viveu o Tim adulto)
Babu Santana e Robson Nunes(viveu o Tim Maia jovem)
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