Maria de Fátima Silva criticou pela primeira vez a apresentadora e a produção do programa Esquenta!, que teriam se aproveitado da morte de seu filho, o dançarino DG
"Praticamente me arrancaram da minha casa e me levaram para a TV. A senhora Regina Casé e a produtora do programa Esquenta!
limitaram o que eu devia falar. Eu só 'deveria responder o que me
perguntassem' (...). Quando eu tentava falar sobre a violência da
polícia, era cortada. Regina é uma farsa, uma artista, uma mentirosa."
O desabafo é de Maria de Fátima Silva, mãe de Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como o dançarino DG, morto em abril deste ano durante ação da polícia militar na comunidade do Pavão-Pavãozinho, no Rio de Janeiro.
Ela participou, na quinta-feira passada, da Semana de
Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça (SERNEGRA), evento promovido
pelo Grupo de Estudos Culturais em Gênero, Raça e Classe do Instituto
Federal de Brasília (IFB) em comemoração ao Dia da Consciência Negra.
Questionada pela plateia sobre a maneira com que a imprensa tratou o
caso de seu filho, criticou publicamente, pela primeira vez, a
apresentadora global - que, dias depois do assassinato, organizou
um programa de homenagem a DG.
De acordo com Maria de Fátima, ela e toda a família
foram levados de van, às 5h30, até o Projac. Ao chegar ao local, todos
foram trancados em um cômodo pequeno com "uma comida horrorosa" (chamada
por ela de "feno") e avisados que só poderiam sair dali no horário do
programa. A única coisa que a ofereceram, ainda segundo seu depoimento,
foi o auxílio de uma profissional para pintar as unhas e arrumar os
cabelos. "Eu estava há 80 horas sem dormir. Lá ia querer saber de unha e
cabelo? Só queria esclarecer a morte do meu filho", disse.
Em
seguida, contou que teve acesso a uma agenda da produção do programa em
que encontrou um esboço do roteiro da gravação. "Não pode falar que foi
a polícia" e "Solta fotos sensacionalistas para a mãe chorar" eram
alguns dos tópicos escritos. Além disso, Regina teria escrito em outra
página que "nunca foi sua vontade fazer programa para pobre e
periferia".
"Já está nas redes sociais do meu filho. Tenho cópias.
Posso provar na cara daquela cretina", afirmou, alegando que, depois do
programa, nunca mais teve contato com a apresentadora.
O depoimento de Maria de Fátima Silva foi bastante
aplaudido pelos outros participantes do evento, incluindo Jean Wyllys,
deputado eleito pelo PSOL, e pela plateia, que imediatamente iniciou o
coro "O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo".
Durante o domingo, para obter um posicionamento sobre o caso, a reportagem do Terra
entrou em contato com a emissora, que, por meio da assessoria de
imprensa, disse que "as críticas contra a Globo não têm fundamento".
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